Chegou a hora, Flamengo: uma revolução apoteótica ou um fim apocalíptico.
Mais uma vez o Flamengo está na zona de rebaixamento,
lugar onde o clube se acostumou a estar, no mínimo próximo, nos últimos anos.
Dessa vez a situação é ainda pior: estamos na lanterna do campeonato.
Apesar de ter sido campeão brasileiro em 2009, as campanhas
recentes do Flamengo na competição tem sido pouco animadoras. Basta analisar as
circunstâncias do título naquele ano para ver que muita coisa está errada
dentro do clube. O rubro-negro estava na fila há 17 anos sem o título de
maior expressão nacional. Além disso, os principais nomes daquela conquista
foram: (1) um técnico interino que acabou sendo efetivado por ter um baixo
“custo-benefício”; (2) um meio-campista, até então, desacreditado e em fim de
carreira, que só foi contratado devido a uma dívida antiga que o clube tinha
com o atleta e seria abatida e negociada mediante sua contratação; (3) um
atacante que tinha anunciado recentemente sua aposentadoria do futebol. O Hexa
não foi fruto de um planejamento bem feito, foi o resultado de acontecimentos
aleatórios que se uniram a mística que envolve o Flamengo e sua torcida. Aquele
ano foi exceção e não a regra.
Mas, infelizmente, lutar até as últimas rodadas para não
cair tem sido a regra e não a exceção no clube. Ao analisarmos as campanhas
recentes do Flamengo no Brasileiro, fica nítido que o desempenho não condiz
com a grandeza do “Maior do Mundo”:
De 2001 até a presente edição da competição, esta é a oitava vez que o rubro-negro carioca luta na parte de baixo da tabela. Nas 5 edições depois do último título brasileiro, essa é a quarta vez que lutamos contra o rebaixamento. O único período sem sofrimento nos últimos 14 anos foi de 2006 a 2009. Tirando esse período, o Flamengo não conseguiu ficar sequer dois anos seguidos sem o fantasma do rebaixamento inédito rondar a Gávea.
Cruzeiro, Inter, Santos, São Paulo e Flamengo fazem parte
do seleto grupo de clubes brasileiros que nunca foram rebaixados. Porém,
enquanto os quatro primeiros se fortalecem a cada ano que passa e afastam cada
vez mais a possibilidade de jogar a segunda divisão, o Flamengo vem dando
sinais, ano após ano, de que vai ser o primeiro a sair dessa lista.
Como o futebol não é uma ciência exata, todos esses podem
cair de uma hora pra outra e o Flamengo continuar soberano na primeira divisão.
Imaginem poder bater no peito e dizer: “O Mengão é o único clube brasileiro que
nunca foi rebaixado”. Seria fantástico! Mas saindo um pouco da utopia para analisar a atual
situação e o passado recente, só uma catástrofe derrubaria um desses times
hoje, enquanto o Flamengo parece um bêbado tentando se manter equilibrado em uma
corda bamba, onde só a proteção divina é capaz de explicar o motivo de ainda
não ter caído.
O rebaixamento do Flamengo vem sendo anunciado há anos, e
caso aconteça, não será surpresa, apenas consequência de anos de descaso de
diretores e jogadores com o clube. São necessárias mudanças urgentes! O
Flamengo precisa de uma verdadeira revolução, uma mudança total de paradigmas,
filosofia e conceitos. Uma mudança que vai do estatuto que rege o clube até o
torcedor nas arquibancadas. Ou vocês acham que frases como “Se o Flamengo de
2005 não caiu, não cai nunca mais.” também não são responsáveis pelo momento
atual? É a partir daí que dirigentes incompetentes veem respaldo para montar
times medíocres e entregar o futuro nas mãos de São Judas Tadeu ou rezar para
que o amor da torcida nos salve mais uma vez do caos. Se o Flamengo não quiser
manchar a sua belíssima história com uma passagem pela segunda divisão, é
melhor mudar rápido.
Ser rebaixado não resolve nada, não muda nada. Enquanto o
Corinthians se reestruturou durante a sua passagem na segunda divisão, o
Palmeiras nos mostrou que não adianta nada cair e continuar com a mesma
filosofia dentro do clube. Não precisa nem sair do Rio de Janeiro para buscar
exemplo, basta olhar os nossos rivais Vasco e Fluminense: enquanto um foi
rebaixado duas vezes em um período de cinco anos, o outro é recordista em ser
rebaixado e subir no tapetão. Além disso, não me lembro de ter visto o São
Paulo na segunda divisão antes de se tornar um clube multi-campeão. O Cruzeiro
não teve que enfrentar o Sampaio Corrêa pra poder se estruturar e montar o time
que amedronta todos os adversários hoje... Do mesmo jeito que várias equipes caíram e continuaram com a mesma filosofia ultrapassada de antes, temos exemplos de clubes que nunca caíram e se reestruturaram. O que dita uma revolução interna dentro de um cube são mudanças e não o fato isolado do rebaixamento.
Se o empurrão que o Flamengo precisava para fazer uma
revolução estrutural dentro do clube era estar no fundo do poço, conseguiu. Já
estamos no fundo do poço: em último lugar no campeonato. O momento para se
reerguer é esse. É hora de voltar a ser o Flamengo vencedor que todos nos
acostumamos a ver. Ou então teremos um fim fatídico com o tão temido
rebaixamento muito em breve.
Saudações Rubro-Negras!
Por Arthur Motta (@Motta_Fla)
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